CBIE aponta que a produção de gás natural brasileira pode dobrar de 2027 a 2031

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Produção de gás natural no Brasil pode dobrar de 2027 a 2031

A produção de gás natural no Brasil vem ganhando reconhecimento no mercado energético, e pode ter um crescimento ainda mais expressivo nos próximos anos.

É o que indica um levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), com expectativas positivas para a participação nacional na distribuição de GNL.

No entanto, existem alguns pontos que devem ser considerados antes de atingir esses objetivos, e vale a pena acompanhar a avaliação de especialistas sobre as perspectivas futuras.

Entenda o cenário da produção de gás natural no Brasil e qual será a sua participação do mercado de importações.

A produção de gás natural no Brasil

A produção de gás natural no Brasil possui previsões positivas de crescimento.

Segundo entrevista recente ao jornal Valor Econômico, o CBIE informou que o mercado pode dobrar entre 2027 e 2031, com mais de 75% sendo de gás associado.

As projeções foram realizadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por meio do Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2024 e 2027.

Pensando em matriz energética, a tendência é que o Brasil diversifique suas fontes de abastecimento, especialmente após a crise hídrica de 2021, que aumentou sua dependência de GNL.

No entanto, com os conflitos internacionais entre a Ucrânia e a Rússia, o principal fornecedor de gás para a Europa, o cenário passou a enfrentar uma alta nos preços e maior concorrência de importação de GNL.

Enquanto isso, mesmo com potencial de expansão, atualmente a produção brasileira de gás natural não participa do mercado global de GNL, ficando limitada ao abastecimento do mercado interno, que sofre grandes volatilidades devido a dependência de um despacho térmico flexível.

“Como não existe expectativa de ampliação da infraestrutura dos gasodutos devido ao alto custo da infraestrutura para se atingir uma demanda pulverizada ao longo de um enorme território, é mais plausível esperar um aumento considerável na liquefação da produção doméstica tanto para abastecimento interno quanto para exportação, explica Eduardo Antonello.

A projeção de preço do GNL é um incentivo para a produção de gás natural no Brasil, que vê no cenário global uma oportunidade de expansão de mercado.

Assim, é uma chance para o País estimular as melhorias na infraestrutura de escoamento e reduzir a dependência de GNL importado criada nos últimos anos, por conta da redução da oferta Boliviana e volatilidade dos recursos hídricos e renováveis.”

A produção de gás natural é uma oportunidade para o Brasil

A projeção é um incentivo para o mercado de produção de gás natural no Brasil, que vê no cenário global uma oportunidade de expansão.

Isso porque as condições criadas pela guerra na Ucrânia estão mobilizando os produtores, especialmente frente ao aumento dos contratos e escassez de fornecedores.

Assim, é uma chance para o País estimular as melhorias na infraestrutura e reduzir a dependência de GNL criada no último ano, por conta da crise hídrica.

A oportunidade, neste momento, é para o desenvolvimento nacional. Embora exista a chance de concretização de projetos de países vizinhos, existem algumas ressalvas. Por exemplo, as negociações com o GNL boliviano foram reduzidas em 30% no mês de maio.

“Há grande incerteza sobre o gás boliviano, que, com menos investimentos, vem tendo uma redução na oferta”, explica Eduardo Antonello.

Por esse motivo, a perspectiva do Brasil expandir sua produção de gás natural é ainda maior.

Conflitos internos podem prejudicar desenvolvimento

Enquanto o Brasil não aumenta sua produção de gás natural, permanece dependente das importações. E infelizmente as previsões também se atentam para os conflitos de interesse internos que estão atrasando o desenvolvimento das produções.

Devido a falta de investimento em infraestrutura de distribuição ou liquefação por exemplo, mesmo com o preço dos contratos de GN em 2022 ultrapassando US$ 50 por milhão de BTU (unidade térmica britânica), quase dez vezes mais que nos últimos 10 anos, as Petroleiras têm encontrado dificuldade na venda de sua atual produção doméstica, sendo em alguns casos forçadas a postergar obras de infraestrutura ou até mesmo parar a produção doméstica offshore.

O Gasoduto Rota 3 por exemplo, que ligaria o pré-sal da bacia de Santos ao Polo Gás Lub, antigo Comperj, em Itaboraí (RJ), deveria ter sido inaugurado no segundo semestre de 2022, mas a Petrobras comunicou que as obras foram paralisadas devido a um rompimento de contrato. Inicialmente postergada para março de 2023, agora já se fala em meados de 2024.

Outro exemplo seria o polo de Manati, que sofreu interrupção na produção de um volume de gás doméstico vendido a U$ 6 por mmBTU, ao mesmo tempo que continuamos comprando cerca de 10 milhões de metros cúbicos de GNL importado por dia (m3 /dia) entre janeiro e maio de 2022.

Como toda a demanda vem somente do mercado interno conectado a rede de dutos, a infraestrutura do país não se desenvolve de forma efetiva mesmo num cenário de preços internacionais estratosféricos, opina Eduardo Antonello, fundador da Golar Power e da Macaw Energies.

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