Tendências futurísticas para o transporte público

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O transporte público tem passado por uma verdadeira revolução nos últimos anos. Impulsionado pelo avanço da tecnologia e pela busca por soluções mais sustentáveis, esse setor tem visto surgir tendências de transporte futurísticas que prometem transformar ainda mais a forma como as pessoas se locomovem nas cidades, contribuindo ainda para uma mobilidade urbana mais inteligente, eficiente e amiga do meio ambiente.

Veículos autônomos: são possíveis no cenário atual do Brasil?

A boa notícia é que muitos dos transportes que farão parte da rotina das cidades inteligentes já estão em fase de testes.

Uma dessas tendências de transporte para os próximos anos são os veículos autônomos.

Com o potencial de revolucionarem o transporte público no futuro, os veículos autônomos eliminam a necessidade de um motorista humano. É isso mesmo, eles “se dirigem sozinhos” graças à Inteligência Artificial (IA), podendo recolher uma pessoa e deixá-la no seu destino utilizando sempre a melhor rota.

Apesar de num primeiro momento parecer estranha a ideia, a proposta dos veículos autônomos é operarem de forma mais eficiente, otimizando rotas e reduzindo os riscos de acidentes causados por falhas humanas.

Apostando nos avanços prometidos por esse tipo de veículo, atualmente, todas as grandes montadoras estão trabalhando no assunto. Inclusive, em vários países já existem testes sendo feitos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, os veículos autônomos operam no chamado “nível 4” de automação, ou seja, realmente não precisam de humanos ao volante. Os testes ocorrem em cidades como Dallas e São Francisco, e a previsão, segundo a consultoria Ernest and Young, é que este tipo de veículo entre no mercado em 2030.

Pensando em aproveitar essa tecnologia e ampliar seu uso, a Trapeze Switzerland da Suíça já iniciou a fase de testes de um micro-ônibus sem motorista que busca e deixa passageiros diretamente em casa. O objetivo é ampliar as rotas atendidas pelo transporte público.

Mas o Brasil pode nem chegar a experimentar essa tecnologia. É que são muitos os impedimentos, desde ordem legislativa até a questão de desenvolvimento dos veículos.

E pelo visto, essa realidade está longe de mudar. Segundo o estudo Índice de Prontidão para Veículos Autônomos 2020, da consultoria KPMG, após avaliar o nível de preparo de 30 países, numa lista que inclui também nações como Rússia, Índia, Chile e México, o Brasil figurou como o menos preparado no mundo para os veículos sem motorista.

O estudo focou em 4 pilares: Política e Legislação, Tecnologia e Inovação, Infraestrutura e Aceitação do Consumidor. Em três desses quesitos o Brasil ficou em último lugar, obtendo resultado melhor apenas em “Aceitação do Consumidor”: ficou na penúltima posição, na frente da Índia.

No caso da falta de leis e regulamentação específica para veículos autônomos no Brasil, questiona-se a falta de diretrizes em relação a responsabilidades, segurança, seguros e licenciamento.

Por exemplo, de quem seria a culpa em caso de um atropelamento? Da montadora, do motorista ou das empresas que devem garantir o funcionamento dos equipamentos?

É essencial que sejam estabelecidas normas para garantir a segurança dos passageiros e pedestres, além de evitar disputas legais em caso de acidentes ou falhas no sistema.

Outros fatores com influência direta na implementação desse tipo de transporte no Brasil envolvem a infraestrutura nas vias e a falta de tecnologias de suporte.

É que a maioria das estradas e ruas brasileiras não está preparada para lidar com veículos autônomos, que exigem sinalização inteligente, mapeamento detalhado e sistemas de comunicação avançados para operar de forma segura e eficiente.

Para o diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho, a falta de planejamento urbano é um dos entraves para a melhoria nos índices de sustentabilidade no que diz respeito ao transporte. “As cidades brasileiras, como outras em todo o mundo, precisam se renovar, mas, para isso, é imprescindível associar o planejamento de transporte ao planejamento urbano, sem o que as soluções não terão o devido alcance”, defende.

Dessa forma, Jacob Barata Filho acredita que a construção de uma infraestrutura urbana adequada ao transporte coletivo é, assim, um tributo que se paga no presente para que a sociedade tenha cidades mais sustentáveis e com melhor mobilidade urbana no futuro. “Hoje a sustentabilidade faz parte do planejamento estratégico de qualquer empresa que atue no transporte coletivo, mas esse esforço não pode ser isolado, pois uma mobilidade sustentável começa com a reorganização do espaço urbano e é determinada pelo grau de acessibilidade que uma cidade confere aos seus cidadãos”, observa.

Possibilidades de incrementação tecnológica no transporte público

As tendências de transporte não se limitam aos veículos autônomos. Outras tecnologias já começaram a ser testadas de olho a melhorar a mobilidade urbana e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas.

Uma delas são os carros voadores, ou melhor, mini-helicópteros capazes de decolar e pousar em um espaço menor do que os helipontos e aeroportos pequenos.

A Eve, empresa da Embraer, anunciou no final de 2022, que pretende lançar os primeiros carros voadores brasileiros até 2026. No entanto, acredita que em 2035, o país contará com mais de 200 carros voadores para transportar cerca de 4,5 milhões de passageiros anualmente em mais de 100 rotas previamente estabelecidas.

Junto dos veículos voadores, outra tecnologia está sendo validada em vários países: o Hyperloop, um trem ultrarrápido, com velocidade de até 1,2 mil km/h, que usa a resistência do ar para funcionar.

Assim, se todos os testes se confirmarem viáveis, até 2050, tudo pode mudar no que diz respeito aos transportes urbanos e a forma das pessoas se locomoverem nas cidades.

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